Masterchef

Tryanda celebra representatividade: "Quero mostrar para outros meninos trans que podemos estar aqui"

Stefani Sousa

 Tryanda celebra representatividade: "Quero mostrar para outros meninos trans que podemos estar aqui"
Tryanda celebra representatividade: "Quero mostrar para outros meninos trans que podemos estar aqui"
Carlos Reinis/Band

Dentre os oito cozinheiros amadores que participaram do 12° episódio do MasterChef Brasil 2020, que foi ao ar nesta terça-feira, dia 29, esteve Tryanda Verenna. Além de se destacar na cozinha do talent show, o consultor de viagens de 35 anos chegou ao programa com uma missão especial: a de levantar a bandeira da inclusão dos homens trans e das mulheres trans. “Quero que os meninos trans olhem para o fato de eu ter sido selecionado e vejam que é possível. Sabe aquela coisa do se eu consigo, você também consegue? Então, se foi possível para mim, será possível para eles também. Ainda falta muita representatividade”, disse em entrevista ao Portal da Band.

“Eu imagino que tenham muitos meninos trans que gostam de cozinhar. A gente já teve um homem trans no MasterChef, o Thales [da edição profissionais, em 2018], uma pessoa queridíssima, bem ativo no meio trans. Mas, pensando no nível amador, imagino que tenham muitos outros trans que cozinham bem (...), então ao me verem na televisão, assim como outras pessoas do grupo LBTQ+, vão se sentir representadas”, disse ele.

E, olha, foi por pouco que o troféu MasterChef 2020 não acabou nas mãos de Tryanda. O cozinheiro amador conquistou os jurados ao preparar, no desafio final, um frango agridoce com purê. O arroz no prato, porém, foi dispensado pelo trio de chefs. “Você fez um trabalho lindíssimo. O gosto do frango está muito bom”, disse Paola Carosella. “É muito bom, gostei. Você valorizou o alho, ele desmancha. Tem gosto de bacon, mas não precisava do arroz”, ressaltou Jacquin. “Está muito bem-feito”, finalizou Fogaça. O participante deixou a competição com gostinho de quero mais: “Seria feriado se eu tivesse ganho”, disse. “Mas, só de participar da segunda fase [o desafio final], nossa... já foi ótimo! Caso a Fernanda não tivesse ganho, seria eu. Me considero vice”, disse.

Tryanda começou a cozinhar ainda na infância, por influência da mãe. “Eu me lembro que as pessoas elogiavam muito a comida dela e eu só pensava que legal seria se alguém, um dia, falasse isso de mim. Hoje, preparo algumas coisas que meus amigos elogiam e me pedem para cozinhar”, contou ele, que há tempo já não tem contato com a mãe. “Antes, como mulher lésbica, a gente até conseguia conversar, mas hoje, como homem trans, o acesso e a comunicação ficaram muito difíceis e a gente se evita.”

Casado com a Mayara há sete anos, Tryanda divide com a vida e os sonhos com a esposa. O primeiro deles, o de viajar o mundo de motorhome. O segundo, a faculdade de gastronomia. “Depois de perder meu emprego numa agência de viagens, justamente por causa da pandemia do coronavírus, estava sem saber o que fazer. Aí, o MasterChef apareceu e o desejo de estudar e atuar na área, volta com tudo.”