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Bruno, do MasterChef, conta que passou por 2 cirurgias após agressão homofóbica: “Ainda tenho muito medo”

Da Redação, com MasterChef

Bruno participou do MasterChef 10
Bruno participou do MasterChef 10
Reprodução

O baiano Bruno Barbosa, de 27 anos, emocionou o público com sua participação no 10º episódio do MasterChef 2020. Ele não levou o prêmio da noite para a casa, mas ganhou uma grande torcida nas redes sociais depois de contar sua história de vida. “Preto, pobre, baiano e homossexual. Eu tenho que resistir todo santo dia e dar cara à tapa nessa sociedade que é preconceituosa”, disse durante o programa. Nascido na cidade de Camaçari, ele se mudou para o Rio Grande do Sul e depois São Paulo após sofrer violência, e explica que as consequências físicas e emocionais desse dia reverberam ainda hoje.

O episódio com Bruno aconteceu em 2012, logo depois de voltar da praia e passar em um evento para se despedir da mãe de uma amiga que se mudaria de cidade. Ele voltava para a casa a pé quando foi surpreendido por dois homens, que começaram a agredi-lo. No primeiro momento, achou que fosse um assalto, mas sua carteira e seu celular permaneceram intactos. “Além das agressões físicas que sofri naquele momento, tiveram também as agressões verbais, e foi aí que entendi que era uma ataque homofóbico”, diz. Nesse momento, um casal que estava saindo do evento o ajudou. “Eles abordaram viatura da polícia, falaram que tinha sofrido essa agressão, mas disseram que não podiam fazer nada por mim, que meu caso era de hospital e não de polícia.”

Bruno lembra que estava quase desacordado e sangrando muito quando a família dele chegou para socorrê-lo. Ele passou por três hospitais diferentes até conseguir suporte necessário para cuidar dos ferimentos. Foram 12 pontos na boca, uma cirurgia no ombro por conta do rompimento do tendão e uma cirurgia no olho para remover algumas veias que estouraram.

Quando voltou para casa, ficou um mês sem poder comer nada sólido e também sem falar direito. “Meu rosto se transformou”, conta. Ainda hoje ele sente as consequências físicas e emocionais daquele dia. “Minha vista direita é turva, não posso pegar peso e não posso fazer movimentos bruscos com o braço que dói. Também tenho muito medo de estar exposto na sociedade, de estar andando na rua e isso me acontecer de novo”, diz.

Um dos agressores foi encontrado e preso, mas o episódio foi um dos motivos para Bruno decidir se mudar da cidade onde nasceu. Com medo de sair de casa, ele foi para o Rio Grande do Sul, depois de mudou para São Paulo e hoje vive na Praia Grande, litoral paulista, onde trabalha temporariamente como garçom. “O fato de eu ter saído da Bahia, de onde eu morava, não vai me livrar, não quer dizer que não posso sofrer agressão. Estamos num país onde existe um índice alto de homofobia, mas me sinto mais seguro em São Paulo porque vejo a diversidade e as pessoas assumindo sua identidade. Na minha cidade, o diferente chocava as pessoas. Isso me gerava desconforto.”

Oito anos depois do ocorrido, Bruno compartilha sua história para falar sobre a importância da diversidade e levar para frente seu sonho de conquistar espaços, principalmente no meio da arte, sua verdadeira paixão. “A vida não é fácil pra ninguém, mas algumas pessoas são privilegiadas e conquistam seu espaço com facilidade”, diz. Boa sorte, Bruno.